Source: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212015000200001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
 EDITORIAL
      Para além do fator de impacto:  O artigo científico e a disseminação de conhecimento em Medicina            João Fonseca            Unidade de Imunoalergologia, CUF Porto Hospital e Instituto
     CINTESIS ? Center for Health Technology and Services Research, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
     Secretario?Geral da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica            
Contacto            Uma
 velha história sobre a publicação científica pode ser contada de forma 
breve. Ao café, um  médico diz ao outro: “Acabou de sair um artigo ótimo
 que prova que nos doentes com … [escolha o leitor uma situação clínica]
 é melhor … [intervenção terapêutica ou diagnóstica] do que … [outra 
intervenção].”
     O outro médico responde: “Isso até já a minha avó sabia!”
     O primeiro médico comenta calmamente: “Foi pena a tua avó não ter publicado.”
     O
 artigo científico é um dos formatos de publicação de novos avanços do 
conhecimento médico. Os processos de seleção  editorial e de revisão por
 pares são determinantes como forma mais valorizada de apresentação de 
resultados de um trabalho de investigação em Medicina.
      A 
publicação de um artigo científico é hoje o modo mais visível e 
persistente no tempo de disseminação desses resultados, tornando?se 
também uma montra dos autores e instituições que os produzem ? a cereja 
em cima do bolo dirão uns, os melhores bolos dirão outros.
      Para
 a afirmação e crescimento de uma área clínica é imprescindível uma 
produção consistente e de qualidade de artigos científicos. Igualmente, 
para a formação e actualização dos especialistas numa área clínica, a 
preparação e realização de um trabalho publicado sob a forma de artigo é
 um desafio e uma experiência educativa única.
      Esta primazia
 do artigo não significa que muitas outras formas de disseminação de 
novo conhecimento clínico não sejam também necessárias e relevantes. 
Pelo contrário as (boas) discussões entre colegas, as comunicações em 
reuniões e congressos (e respetivos resumos), a divulgação em média não 
especializados e em novos média ou as publicações sem revisão por pares,
 como livros ou monografias, complementam e expandem as funções dos 
artigos científicos.
      Temos assistido a um crescimento 
exponencial dos artigos científicos alimentado por fatores como o 
aumento da investigação, os avanços tecnológicos ou mesmo o reforço da 
importância do artigo científico. Em cerca de duas décadas passamos da 
dificuldade de acesso a informação científica para a de imperiosidade de
 escolha de entre a imensa quantidade de artigos científicos produzidos.
      Hoje perguntamo?nos como os procurar
1 e como os selecionar. A seleção dependerá, seguramente, do motivo 
porque queremos ler mas, de um modo geral, será seguro que os artigos 
mais citados por outros autores terão um maior interesse. No entanto, só
 passado demasiado tempo sabemos que artigos são mais citados.
      O que sabemos é que artigos publicados em revistas que tem artigos muito citados têm habitualmente mais citações.
      Estas
 revistas são as mais prestigiadas, mais procuradas para publicação e 
por isso mais exigentes na escolha dos artigos que publicam. Por 
consequência, os artigos aí publicados tendem a ter mais qualidade e 
importância, sendo por isso mais citados.
      O 
Institute of Scientific Information(ISI) agora parte da 
Web of Science da Thomson Reuters, concebeu uma medida do impacto de uma revista utilizando o número de citações ? o fator de impacto (FI).
2 O FI contabiliza as citações feitas num dado ano a artigos publicados 
nos dois anos anteriores nas revistas incluídas no Science Citation 
Index, a base de dados mais exigente de indexação de revistas 
científicas.
      O cálculo do FI é o quociente entre o número de
 citações que os artigos publicados na revista durante os dois anos 
anteriores tiveram naquele ano e o número de artigos publicados ? o FI 
de 2014 da revista x é igual número de citações em 2014 dos artigos 
publicados em 2012?13 na revista x a dividir pelo número de artigos  
publicados em 2012?>13 na mesma revista. Simplificando poderíamos 
dizer que um artigo publicado na revista 
Allergy, por exemplo, terá em média 6 citações nos 2 anos seguintes (Quadro 1). O FI de uma revista pode ser procurado no 
Journal of citations reports(JCR),
3 um recurso pago da Thomson Reuters,  a que as instituições portuguesas 
têm acesso através da biblioteca do conhecimento online (B?on.pt). Pelo 
mês de junho de cada ano são publicados os FI do ano anterior. Em 2015 
foi apresentada a 40.ª edição. A categoria 
Allergytem 24 revistas
 indexadas e o fator de impacto agregado dessas 22 revistas é 4047, 
correspondendo ao 22.º lugar das 232 categorias de todas as áreas 
científicas que fazem parte do JCR. No Quadro 1 estão listadas por ordem decrescente as dez revistas com maior fator de impacto indexadas na categoria 
Allergy do JCR em 2014.
 O FI é muito utilizado por ser uma medida simples, fácil de entender e 
que mostrou o seu valor o longo de várias décadas. No entanto,  como não
 há medidas perfeitas, têm sido feitas muitas críticas ao FI4 e à sua 
utilização  para fins para os quais não foi desenvolvido. O FI não pode 
ser utilizado para avaliar o impacto de um artigo em concreto, mas de 
uma revista científica. Provavelmente a crítica mais frequente (mas não a
 mais importante) feita ao FI é a impossibilidade de ser usada para 
comparar revistas de diferentes áreas científicas ? o número de citações
 varia muito entre áreas científicas, por exemplo pelas diferenças de 
produção científica mas também pela natureza própria das áreas e hábitos
 de citação. Surgiram, por isso, outras métricas mais evoluídas como o 
Source Normalized Impact per Paper 
(SNIP)  que tem em conta o 
número total de citações de uma determinada área científica, o que 
permite comparar revistas de áreas diferentes. Além de outras melhorias 
face ao FI o SNIP é de acesso livre
5 mas continua ser menos 
conhecido. Já neste ano de 2015 a Thomson Reuters apresentou o percentil
 de fator de impacto de uma revista, o qual normaliza o FI, permitindo a
 comparação entre revistas de diferentes áreas. Existem várias outras 
medidas de bibliometria, isto é, a análise estatística das publicações e
 suas citações utilizadas em situações mais específicas.      
Alem das medidas de bibliometria, a análise da disseminação e do 
impacto que um determinado artigo tem pode hoje ser medido analisando as
 referências ao artigo na Internet (
webometrics). Em 2010, foi proposta uma medida mais geral do impacto dos artigos ? a 
altmetrics,
6 que além das citações incorpora o número de visualizações dos artigos, de 
downloads, de referências em bases de conhecimento, nos social média e média tradicionais.
      Esta
 medida pode ser aplicada a revistas, pessoas ou instituições, por 
exemplo, concorrendo assim também o h?index, uma métrica muito utilizada
 para avaliar a produtividade e o impacto científico de um investigador 
ou grupo.
7 Ainda a propósito da disseminação do conhecimento 
utilizando a Internet, são de referir ferramentas de comunicação 
dirigida aos interesses de cada elemento de comunidades científicas e 
que ajudam a conhecer os artigos que vão sendo publicados. São exemplos o
 Research Gate (http://www.researchgate.net), Researcher ID http://www.researcherid.com/ ou Academia.edu  https://www.academia.edu/.
 Em muitos casos são também repositórios de autoarquivo dos artigos 
completos pelos autores, permitindo aceder a artigos publicados em 
revistas às quais não temos acesso livre.
       Em resumo, o 
artigo científico é o principal meio de disseminação dos avanços do 
conhecimento médico. As rápidas alterações das últimas décadas tornaram 
necessário aprender a pesquisar e a selecionar os artigos científicos.
      O
 fator de impacto foi uma das primeiras métricas utilizadas para medir o
 impacto da publicação científica, é muito utilizado por ser fácil de 
interpretar mas também fácil de usar de forma inapropriada. Estamos a 
assistir à utilização crescente de outras medidas que nos ajudam a 
compreender melhor a disseminação e o impacto de revistas e de artigos 
científicos, mas também dos próprios autores e grupos/instituições.            
REFERÊNCIAS      1.
 Jacinto T, Morais A, Fonseca, J A. How to write a scientific paper ? 
Searching and Managing Biomedical information. Rev Port Pneumol 
2011;17(4):190>?4
      2. The Thomson Reuters Impact factor. http://wokinfo.com/essays/impact?factor/
      3. Journal of citation reports. https://jcr.incites.thomsonreuters.com/
      4. Fooladi M, Salehi H, Yunus MM, Farhadi M, Chadegani AA, Farhadi, H, 
et al. Does Criticisms Overcome the Praises of Journal Impact Factor?. Asian Social Science 2013; 9(5):176?82
      5. Centre for Science and Technology Studies (CWTS) Journal Indicators. http://www.journalindicators.com/
      6. Priem J, Taraborelli D, Groth P, Neylon C, Altmetrics: A manifesto, 26 October 2010. http://altmetrics.org/manifesto/
      7.
 Jones T, Huggett S, Kamalski J. Finding a way through the scientific 
literature: indexes and measures. World Neurosurg 2011; 76(1?2):36?8            
Contacto:      João Fonseca
     CUF?Porto
     Hospital e Instituto
     Estrada da Circunvalação 14341
     4100?180 Porto        
 Revista Portuguesa de Imunoalergologia - Para além do fator de impacto: O artigo científico e a disseminação de conhecimento em Medicina 
Call for Papers ? Sur Journal Special Issue: Perspectives on the future of the Universal Declaration of Human Rights Challenges ahead New deadline 15 June, 2008 Sur ? Human Rights University Network and the International Service for Human Rights invite... 
 Source: http://scielo.sld.cu/scielo.php?pid=S2307-21132015000300009&script=sci_arttext Revista Cubana de Información en Ciencias de la Saludversión ISSN  2307-2113Rev. cuba. inf. cienc. salud vol.26 no.3 La Habana jul.-set. 2015 ... 
 Source: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212015000200001&lng=pt&nrm=iso&tlng=ptTranslated by: Google Translate Portuguese Journal of Allergology   Print ISSN 0871-9721   Rev Port Imunoalergologia... 
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